O
(SU)JEITO CARIOCA
Ao
vivenciar a orla do Aterro do Flamengo, é impossível não se encantar com o
relevo natural da paisagem do Rio de Janeiro e, sobretudo, com a áurea pacífica
do ambiente. Foi dessa impressão que o artista Marcos Chaves desenvolveu a
ideia que, futuramente, se tornaria a exposição “Academia”, hoje exposta na
galeria Nara Roesler em Ipanema. Partindo de dois elementos basilares, sendo
eles o Pão de Açúcar (apelidado poeticamente pelo artista como “A Pedra
Fundamental”) e a tradicional academia de rua do Flamengo, Marcos criou sua
exposição com o intuito de transmitir suas concepções acerca da essência do
carioca.
A
exposição se estrutura em duas partes: a instalação, que é uma representação da
academia carioca, e a série fotográfica, que busca principalmente enaltecer a
beleza da paisagem do Pão de Açúcar. Em ambas, Chaves transmite a sensação de
uma presença ausente. Na fotografia, ele cristaliza ações humanas inacabadas,
sempre deixando a entender ao observador que ali há um sujeito omitido. Já na
obra neoconcretista, percebe-se a intenção do criador de preencher a ausência do
ser humano, incluindo, então, o próprio observador na instalação, seja através
do espelho, ou até mesmo pela essência interativa dos elementos.
De
fato, a exposição suscita uma válida discussão acerca do imaginário do “eu”
carioca, uma vez que sua relação com a academia de ginástica expressa
características peculiares do seu estilo de vida. Chaves certamente estimula
essa reflexão, fazendo-nos perceber a importância que os moradores do Rio dão a
valores estéticos, aproximados bem mais da academia sede do culto ao físico, do
que da academia intelectual, tão importante quanto a primeira.
A
quebra de espaços ocasionada pela diferença de andares na exposição é um dos
pontos negativos da Academia. Ao subir
as escadas que levam a parte fotográfica, a continuidade da mesma é
interrompida, o que gera um esforço maior da parte do observador para conseguir
conectar os dois espaços, diminuindo sua fluidez. Por outro lado, ao subir a
escada, certamente o observador irá se deparar com um ilustre jogo de imagens
da “Pedra Fundamental”, nos fazendo duvidar de nossos próprios olhos, como o próprio
Marcos Chaves afirma: “nessa exposição, é sempre bom olhar duas vezes”. Ponto
forte da experiência.
A exposição encontra-se na Rua
Redentor, 241, Ipanema.
Grupo: Anita Prado, Flora Reghelin, Leonardo
Couto, Júlia Ribeiro e Maria Julia.
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