Novas Aquisições - Gilberto Chateaubriand
“Um dos princípios básicos de minha coleção é tornar-se uma coleção turista e graças a isso a coleção já esteve em Londres, Paris, Berlin, Buenos Aires, Lisboa, Coreia e Coreia do Sul”.
A coleção Novas aquisições tem seu acervo exposto nos salões do MAM- RJ. Junto à seleção de obras há uma linha tênue entre a relação afetiva de Gilberto Chateaubriand para com os trabalhos artísticos e inúmeros acasos que o fizeram aumentar e enriquecer sua coleção, difundindo o seu olhar sobre a arte brasileira pelo mundo.
“Minha coleção começou com um ato de bondade.”
Gilberto Chateaubriand foi apresentado a Pancetti em uma viagem de negócios à Bahia. Nesta ocasião foi presenteado pelo artista com uma de suas obras. Esta despertou em Gilberto o interesse em montar seu proprio acervo, sendo a primeira obra de muitas que viriam a compor sua coleção.
Artevida (Política)
A exposição, que retrata a relação da arte com a vida durante as decadas de 50 até inicio dos anos 80, possui grande caráter crítico. As obras partem de trabalhos brasileiros, de cariocas na sua maioria, para expandir-se por todo o globo, mas com foco no hemisfério sul. A mostra, dividida em dois segmentos principais: corpo (Casa Franca Brasil) e política (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro); possui ainda mais duas divisões: biblioteca (Biblioteca Parque Estadual) e parque (Escola de Artes Visuais do Parque Lage). Um evento dessa magnitude é inédito no Rio de Janeiro e uma oportunidade que precisa ser apreciada. A parte em exposição no MAM foca-se em trabalhos feitos durante regimes autoritários e segregacionistas, incluindo, portanto, obras críticas de racismo e feminismo, democracia, mapas e bandeiras, guerras, golpes e revoluções.
Camila Bicalho - Minuances
Trata-se de vários bonequinhos vivendo diferentes situações do cotidiano, tudo feito apenas de papel recortado. Desde a dona de casa colocando as roupas no varal, até ao homem vivendo um momento de solidão embaixo de uma árvore, os visitantes podem se identificar com vários “personagens” desta série, além de se perguntarem, como alguém consegue fazer mínimos personagens perfeitamente apenas com um papel preto recortado.
Nancy Spero – The War Series (1966-1970)
Essas obras, que foram realizadas nos EUA, são uma denúncia da Guerra do Vietnã e mostram a crueldade e as variações de violência que o homem é capaz de infringir nas outras pessoas. A forma como o trabalho foi feito chamou muito atenção devido ao tema, mais principalmente pela forma de produção, que diferia das outras obras expostas. Essa escolha pelos desenhos com o uso de guache, aquarela, tinta para desenhar e papel foi uma forma que a artista encontrou de se rebelar contra o mundo da arte e a ideia de fazer qualquer obra de uma maneira que pudesse ser comercializada. Essa maneira escolhida também permitiu que a artista produzisse em grande velocidade e possibilitou a marcação extrema da raiva ante a guerra e suas repercussões e as mentiras que a mídia dizia sobre a mesmas. As línguas que saíam das cabeças foram introduzidas nesse trabalho e seriam reutilizadas em trabalhos futuros como forma de dar voz à artista e às mulheres silenciadas ao decorrer da historia, que viriam a ser protagonistas de suas futuras obras.
As pinturas mostram as barbaridades que ocorrem em guerras, o sofrimento, a complexidade da questão na mente humana e os crimes cometidos durante esse periodo contra pessoas inocentes. As cabeças com linguas que saem dos pênis parecem uma forma de denúncia contra os abusos sexuais cometidos pelos soldados. Essa sexualização, vista em diversas outras ocasiões durante esses trabalhos (usando o corpo feminino também), foi uma forma de mostrar a obscenidade da guerra. As obras que estavam na exibição são só algumas de uma serie com diversas outras (muitas das quais foram dadas como manifestos anti-guerra ou perdidas ao longo do tempo). Em outras imagens é possivel ver o foco nos helicopteros e nas bombas, que eram vistos como um mostro gigante e causadores de enorme destruição, respectivamente. Essa perspectiva foi principalmente do ponto de vista feminino – mostrando como as mulheres sofrem com os filhos em guerra e com o fato de que eram abusadas pelos soldados. Há tambem a denúncia da destruição que a guerra causou às familias e às crianças.
Carol Valansi - Arqueologia do sensível (2013)
Carol Valansi, artista presente nas Novas Aquisições, apresenta uma obra de extrema delicadeza e bom gosto. A obra Arqueologia do Sensível (2013) não passa despercebida por ninguém. Cada porta-retratos presente na obra tem uma peculiaridade diferente. Segundo a artista cada um é “[...] uma época e uma história distinta [...]”. Nas molduras da obra temos terras guardadas pela artista em suas viagens pelo mundo. No lugar dos retratos, nada além de "ouro dos tolos", Carol diz que devemos “[...] escavar-se internamente para encontrar o que aquelas abstrações podem suscitar.[...]”. A obra merece atenção e a explicação da inspiração que guiou a artista - presente no site - também.
Devemos lembrar que esta obra – apesar de ser a única da artista que está em exposição no MAM até o dia 16 de Novembro de 2014 – não é a única. No Flickr da artista podemos conferir muitas outras obras, como a Inventários, que são muito interessantes e surpreendentes.
Componentes do Grupo: Ana Carolina, Carolina, Laísa, Maria Júlia e Juliana.
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