Novas aquisições e reinterpretações da vida e do corpo


Foi realizada no dia 09 de setembro de 2014 (quarta-feira), uma visitação guiada pela professora Kátia Maciel ao Museu de Arte Moderna — MAM —, junto aos alunos de graduação em Comunicação Social da UFRJ, onde os mesmos puderam entrar em contato com as obras ali expostas. Nesse dia, duas exposições foram o foco de observação dos universitários: As Novas Aquisições da Coleção de Gilberto Chateaubriand 2012/2014 e a exposição ArteVida (política).
As Novas Aquisições da Coleção de Gilberto Chateaubriand – Filho de Assis Chateaubriand, pioneiro nas transmissões de rádio e televisão no Brasil – ocorre a cada dois anos e já é conhecida mundialmente como um dos mais completos conjuntos de arte moderna contemporânea brasileira. Os trabalhos expostos são de diversos artistas - Somente neste ano foram reunidas obras de 65 artistas - e Gilberto os adquire com o intuito de divulgar suas obras e ideias.


A Exposição Artevida está acontecendo em quatro lugares diferentes da cidade do Rio de Janeiro e cada local corresponde a um segmento diferente:  artevida (corpo), na Casa-França Brasil; artevida (política), no Museu de Arte Moderna; artevida (biblioteca), na Biblioteca Parque Estadual e artevida (parque), na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. No geral, a exposição explora a relação entre a Arte e a Vida, dentro do contexto das décadas de cinquenta e oitenta. No MAM, o segmento abordado é a política, tendo como temas retratados nas obras: o racismo, o machismo, o feminismo, a homofobia , as resistências populares aos movimentos autoritários e de segregação,a ditadura, a violência, os golpes, as revoluções, as eleições, a democracia; dentre outros fatores político-sociais.
A partir da observação das obras nessas duas exposições, resolvemos focar em uma determinada obra. Escolhemos a fotografia “O corpo é a casa que habito” (2014), do artista carioca Daniel Toledo. A obra faz parte das “Novas Aquisições”, da Coleção de Chateaubriand.

 
Toledo nasceu em 1981 no Rio de Janeiro onde vive e trabalha. Graduou-se em 2008, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Belas Artes, no Curso de Licenciatura em Educação Artística – Artes Plásticas. Participa do Coletivo OPAVIVARÁ! desde 2005. Entre as exposições de maior sucesso (seja individual ou coletivo), estão: Lambe Lambe Troca Troca (2010), Novas Aquisições 2010 2012 Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ (2012), ArtRio Feira Internacional do Rio de Janeiro (2011), Paisagem Ready Made – Museu da república/ Galeria do Lago, RJ (2009) e J’em Revê, Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, Fraça (2005). 

Toledo parte do pressuposto de dar-se à obra. Ou seja, Toledo dispõe de seu próprio corpo a fim de fazer arte.

“Todos os meus trabalhos podem ser pensados como autorretratos.”

Ele é um artista que explora o seu corpo com a finalidade de descobri-lo. É uma característica de Toledo fazer essa “jogada” entre o corpo (nu) e o que esse corpo veste. Nas suas obras anteriores, o artista deixa esse conceito bem exposto, como em Veste Nu, e Troca troca. Para Toledo, o corpo, o nu, é o que faz dos humanos seres comuns. O que vestimos acentua essas disparidades entre o feminino e o masculino.
Podemos dizer que Toledo põe em prova a preocupação com o que diz respeito à “identidade atual”. O artista “brinca” com essa relação do sujeito pós-moderno e o meio em que ele vive, o seu cotidiano, no qual o próprio se reajusta a cada mudança e contradição, como forma de encontrar um “porto seguro”. “O corpo é a casa que habito” foi um trabalho realizado durante a permuta de Toledo na residência artística "À DERIVA", realizado pela Exposição. Esteve exposto durante a mostra final da residência no Maus Hábitos, no Porto, de fevereiro a março deste ano.
Para alguns integrantes do nosso grupo, a fotografia trouxe certas suposições acerca dela, a fim de uma melhor compreensão do apelo do artista. A ação de “auto azulejar-se” é uma referência sutil a casa, que notamos fazer certa lógica com o título da obra. Como se a obra e o título se completassem. Para outros, a obra atenta à importância de cuidar de seu próprio corpo, sendo este o primeiro lugar onde se vive. Num contexto onde as pessoas — especialmente, mulheres — têm forte inclinação e desejo de provocar alterações no seu corpo, como por meio de operações cirúrgicas, sem se preocupar com hábitos saudáveis e se tornam mais expostas ao sedentarismo, a rotina acaba sendo sua principal preocupação.
Essa referência a casa, a um “porto seguro”, materializado através de uma pintura corporal que remete aos azulejos portugueses, traz para a superfície do entendimento um dos conceitos que é a característica de Toledo, e que já esboçamos aqui: o uso do corpo. O corpo como casa original, a pele “azulejada” como crítica às roupas — porque ali ele não está vestido como homem ou mulher, apenas “timbrado” como um painel branco — o que torna também a questão da identidade um ponto relevante. Isto denota que, de diferentes pontos de vista, a obra causa impacto e provoca reflexão no espectador, uma vez que é chamativa e instigante.


Grupo: Edinelson Marinho, Thaís Batista e Carla Caroline.

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