Exposição de Marcos Chaves - ACADEMIA/SUGARLOAFER

Academia por Marcos Chaves

Galeria paulistana é inaugurada em Ipanema com exposição inovadora, no melhor estilo carioca.




A renomada galeria paulistana, Nara Roesler, abre suas portas na Cidade Maravilhosa com a exposição exclusiva de Marcos Chaves, “Academia’’. Inspirado pela academia pública da Praia Vermelha, Marcos busca não só retratar uma realidade do cotidiano carioca; mas, também, criticá-lo em seus hábitos.

A ideia principal do artista era trazer o espaço das academias ‘”outdoors” para o espaço “indoor”. Para tal, desejava utilizar as peças reais do Aterro, tendo o registro do tempo e dahistória do local. Entretanto, por não chegar a um acordo com os administradores, elaborou ele próprio os moldes para os aparelhos; e contratou um funcionário que lhe fornecesse o concreto utilizado nos mesmos. A escolha do concreto faz referência direta às grandes cidades urbanas, como Brasília e Rio de Janeiro; mas, principalmente, ao próprio Aterro – local que abriga a academia.

Chaves também ironiza o significado da palavra em nossa sociedade: ‘”Em qualquer lugar do mundo, ou em qualquer
país de língua portuguesa, você vai ao ginásio fazer ginástica. Aqui, no Rio, vamos para as academias”. Através disso, ele procura também demonstrar o descaso e os problemas encontrados no desenvolvimento da educação no Brasil, pois as academias e escolas que ganham a maior atenção da sociedade brasileira, não são aquelas responsáveis por educar: “As duas instituições mais respeitadas do Rio de Janeiro são as escolas de samba e de educação física, respectivamente”.

O artista ainda procura expor a maneira improvisada, um tanto tosca, do carioca praticar suas atividades e exercícios físicos. Uma crítica ácida em se tratando o Rio, a cidade olímpica: “É uma critica, mas também, uma constatação. Eu não sei se temos que fazer tudo aos moldes do mundo ocidental. Pode ser que uma academia do Flamengo funcione melhor que uma academia padrão colocada ao lado”. O escultor propõe um questionamento geral: apesar de todas as dificuldades, a sociedade brasileira consegue alcançar seus objetivos, na maioria das vezes, de forma positiva.

Chaves via as estruturas ali presentes como esculturas, e procurou refazê-las de uma forma muito mais elaborada e sofisticada. Com o propósito de enfatizar ainda mais essa mistura do lado de fora para o lado de dentro, Marcos instalou um grande espelho, típico das academias modernas, dentro da galeria, junto com suas obras, fazendo com que o próprio espectador faça parte do conjunto, tendo um resultado extremamente interessante e inovador. Como inspiração, cita as esculturas ‘”Readymades”, institucionalizadas por Marcel Duchamp, no século XX, e caracterizadas por objetos construídos pelo homem, que ganham uma nova leitura e um novo significado na visão do artista.

Ao ser indagado sobre o ‘’por quê” suas esculturas são consideradas arte, Marcos responde com muita certeza: ‘’Porque eu sou artista, e fui eu que fiz. A arte é livre’’.

Foto: Marcos Chaves, da série Sugar Loafer, 2014     



                                        Vista da exposição – Foto: Marcos Chaves -- © Galeria Nara Roesler


Feita pelo artista apenas com a sua bicicleta e uma câmera, Sugar Loafer encontra-se no segundo andar da Academia e atua como um complemento da mesma, pois foi inspirada nas academias à beira das praias. Ao longo dos dias o artista ia registrando paisagens cotidianas da vida carioca com uma característica bem praiana. Podemos notar sempre a presença do Pão de Açúcar nas fotos, seja em grande ou pequena escala.
Sendo ela baseada apenas em fotografias, tiradas ao longo do Aterro do Flamengo, Marcos Chaves se concentrou em uma área da cidade e explorou o que ela tinha de melhor a oferecer:  sua beleza.
Tendo como personagem principal o Pão de Açúcar, em cada foto podemos notar a presença ausente das pessoas, pois o objetivo do artista era dar um olhar subjetivo em cada uma delas, como se fosse ele olhando a paisagem. Com isso temos imagens com chuveiros ligados, imagens de carros, academias ao ar livre vazias, e etc.
Ao longo do circuito, percebemos que elas foram agrupadas em pequenos grupos de acordo com suas similaridades, sejam elas por geometria, por cores ou por poesia. O artista chama atenção, ao final de sua exposição, de uma figura que parece brincar com os olhos do público, pois quando vemos essa fotografia rapidamente, apenas apreciamos a imagem como um todo, notando apenas as diferentes cores e tonalidades do pôr do sol, porém  logo em seguida percebemos que na verdade essa possível fotografia está colada em uma porta, cobrindo-a por inteiro, e mudando-a totalmente de sentido. Essa pequena brincadeira nos faz refletir com relação as diferentes imagens nas quais lidamos e vemos todo dia; nos faz perceber que nem tudo é o que parece e nos mostra que não se precisa muito para se fazer arte, basta apenas ter uma boa imaginação e os olhos de um poeta. 
Integrantes do Grupo:
Gabriela Mariz
Larissa Busch
Maitê Paes
Manuella Teixeira
Marina Abi-Rihan

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