“Isso é uma arte porque eu sou artista e fui eu quem fiz”

Essa foi a resposta de Marcos Chaves, artista carioca, ao ser questionado sobre o por quê de seus trabalhos serem  considerados artes. Até o dia 9 de setembro, o público poderá conferir na Galeria Nara Roesler, em Ipanema, sua exposição “Academia”. 
Marcos aproveita o que chama de “camadas de ironia”, fazendo um jogo entre o significado literal de academia, e a sua perspectiva sobre a academia; de ver as peças que ali se encontram como objetos de escultura. Também envolve essa perspectiva de academia puxando para o lado social, referindo-se aos problemas mais comuns do brasileiro, como a educação e a saúde.
A primeira instalação representa as academias ao ar livre e há toda uma contextualização de ideias. Inspirada numa academia ao ar livre localizada no Aterro do Flamengo, as esculturas estão associadas às práticas dos cariocas que se exercitam ao que passo que usufruem da paisagem da cidade e da coletividade. Ele trás para dentro essa academia ao ar livre, reproduzindo alguns aparelhos de ginástica em concreto, ferro, madeira, pneus e latas, levando em conta o ideal do ready-made, do artista Marcel Duchamp. Além disso, o artista faz alusão, a partir de sua criação, à importância que o ser humano dá ao corpo, o culto ao corpo, e aos eventos esportivos no âmbito da vaidade exacerbada ao invés de praticá-los com a intenção do cuidado com a saúde e bem-estar.
Além disso, outro viés é abordado sobre esta temática: as academias, que antes só era possível acessar em espaços privados, chegou ao espaço público, o que possibilitou o acesso à atividade física por qualquer cidadão.

Vista da exposição – Foto: Marcos Chaves -- © Galeria Nara Roesler
  
No segundo andar da galeria, Marcos nos apresenta a segunda parte da exposição, chamada Sugar Loafer, que apresenta uma série de fotografias as quais demonstram cenas cotidianas da cidade do Rio de Janeiro, com um elemento comum: o Pão de Açúcar, denominado por Marcos como “pedra fundamental”. Segundo ele, “Eu não fotografo gente, fotografo o que as pessoas fazem”, e assim relaciona a imagem e a imponência da “pedra fundamental” como uma de suas características artísticas.
Na exposição Sugar Loafer um conjunto de deslocamentos de objetos, que alinhados de acordo com um sentindo levam o espectador a “imaginar” um ser que poderia estar ali – em uma atividade cotidiana na Praia de Botafogo. Nesse segundo ambiente, as mesmas estão organizadas em agrupamentos sutis, seguindo uma relação de continuação e perspectiva, ligadas subjetivamente pelas cores e formas – concretas e geométricas, ou até mesmo, pelo alinhamento da areia.

Sem título, da série Sugar Loafer, 2014 – Foto: Marcos Chaves

A foto acima representa essa noção, que acontece a partir de objetos que fazem parte do dia-a-dia da população do Rio de Janeiro e são colocados em primeiro plano nas imagens. 
Para o artista, as fotografias e a “Academia” se relacionam indiretamente, como fazendo o uso do ready-made em ambas. Essa associação se faz pelo fato da ausência do corpo em sua forma material, porém o homem é um dos elementos fundamentais para o significado e inspiração nas obras de Chaves.
Para conferir de perto, a Galeria Nara Roesler se localiza na Rua Redentor, 241, Ipanema, Rio de Janeiro. 


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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Escola de Comunicação - EC2 - 2014.2

Redigido por: 
Carla Caroline
Edinelson Marinho
Jaqueline Ruiz
Thaís Batista

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