A exposição “artevida”
explora a relação entre arte e vida nos anos 1950, 1960, 1970 e início da
década de 1980 em diversos países, principalmente no Brasil. A parte artevida política, exposta no Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro, tem trabalhos feitos em resistência a regimes
autoritários e segregacionistas, em torno de temas como racismo e feminismo,
democracia e eleições, mapas e bandeiras, guerra e violência, golpes e
revoluções.
Este trabalho procura focar em obras que reúnam a temática da
luta das mulheres pela igualdade de gêneros. As três obras selecionadas dessa
seção foram produzidas durante o mesmo contexto histórico: de 1975 a 1980.
Porém, em diferentes lugares do globo. Os anos 70 representaram um período de
grande força do movimento feminista e pela busca do espaço da mulher na
sociedade, o que desencadeou no ingresso da mulher em diversas esferas nas
quais antes ela não era inserida.
Uma
das artistas escolhidas é Martha Rosler, que nasceu
na cidade de Nova Iorque, em 1943. É uma das artistas pioneiras no uso do vídeo
como arte, trabalhando na fronteira entre a arte visual e a arte da linguagem.
Rosler viria a trabalhar ainda com performance, fotografia e escrita. "Semiotics
of the kitchen", feito em 1975, é um trabalho seminal no uso do vídeo e da
linguagem em um ato de questionamento das estruturas de poder entre gêneros.
Neste vídeo, a artista critica o papel tradicional da mulher na sociedade, ao
representar uma mulher utilizando, de modo agressivo e hostil, utensílios comuns
da cozinha, transmitindo a raiva e a frustração e pelas funções opressivas
impostas às mulheres.
Outra em nossa seleção, Birgit Jurgenssen, nasceu em Viena, em
1949. Feminista, influenciada pelo Surrealismo e as teorias de Freud, utilizou
a arte como crítica social. O corpo da mulher foi o principal foco para
construção de sua obra. Seu trabalho questiona o corpo feminino e seus papeis
sociais. Desenhos, gravuras, objetos, pinturas e fotografias foram os meios
mais utilizados por Brigit. Em sua obra, Housewives’Kitchen
Apron’, de 1975, vemos duas fotografias da artista vestida de fogão. Além
da evidente crítica ao papel social imposto às mulheres, o de realizar tarefas
domésticas, podemos refletir também sobre o pensamento da mulher como uma
procriadora, mas de forma passiva, como se colocasse um bolo dentro de um forno
(ela), que crescesse, ou seja ela própria tivesse o papel de desenvolvimento,
como tem com os filhos. Isso tudo, nesse contexto ideológico, faz parte de um
processo naturalizado feminino, algo orgânico da mulher.
Como terceira e última pauta, abordaremos Teresa Burgas, esta,
nascida em Iquita, Peru, em 1935. A artista, em sua instalação “Perfil da
mulher Peruana”, de 1980, critica não só o padrão físico de beleza feminina imposta
pela sociedade a partir da apresentação de um manequim, como expõe as
características da real mulher Peruana, cruas, orgânicas e autênticas, assim
como Teresa, que, vale ressaltar, foi isolada em seu país devido as suas
ideologias revolucionárias.
A exposição “artevida” encontra-se atualmente em quatro locais
distintos na cidade do Rio de Janeiro apresentando um tema diferente em cada
exposição. A “política”, da qual tratamos nesse trabalho, mostrou-se aos olhos
do grupo, de extrema importância àqueles que se interessem em fatos históricos
do passado que instigam tanto a reflexão, como a compreensão da situação
sociocultural que o mundo se encontra nos dias atuais.
Grupo: Anita Prado, Flora Reghlin, Júlia Ribeiro, Leonardo Couto e Maria Júlia Lacaille
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