Academia

   

 Academia 

"O extraordinário é que o artista evidencia o prosaico do dia-a-dia. "
 

A sugestão de hoje é: Se estiver em Ipanema, procure por uma casa branca com o letreiro "Academia" acesso, entre e confira o que está acontecendo por lá! Na verdade, antes que comece a recapitular a série de bíceps, esta é a Galeria Nara Roesler, que acabou de abrir o seu novo espaço aqui no Rio de Janeiro. Sim, uma galeria de artes! E o que te fez lembrar de pagar a mensalidade do Pilates não é nada mais do que uma ironia feita pelo artista Marcos Chaves para nomear uma de suas exposições. " As duas instituições mais respeitadas no Rio de Janeiro são as escolas e as academias... de samba e de ginástica, respectivamente", brinca o artista. Inspirada nas academias de ginástica construídas ao ar livre, a obra reverencia os habitantes, que usufruem da bela paisagem e contribuem para ela, unindo saúde e bem-estar à beleza do corpo.
Em um dos salões de exposição o artista exibe uma série fotográfica batizada de "Sugar Loafer". As cenas contam sempre com cenas do "personagem principal" Pão de açúcar visto por diversos ângulos, inclusive por Niterói, e exalam o dia-a-dia na cidade. O criador diz que não interfere nas cenas, fotografa as coisas como estão e, em relação à figura humana em suas obras, acrescenta: "Eu não fotografo pessoas, fotografo o que elas fazem".
Por fim, o renomado, e sempre bem humorado Marcos Chaves, quando indagado porque suas criações são chamadas de artes, reponde: "Porque eu sou um artista e fui eu que fiz". Logo depois, surpreende: "Arte é o exercício da liberdade; Não existe razão, não tem um porquê para ser feita".

  • "A Academia"
O artista nomeia a exposição como "academia", para atrair pessoas que esqueceram do intelectual para se importar com o físico, desafiando com humor ácido a população carioca.

A palavra que ao redor do globo é associada à instituições do saber, no Rio, relaciona-se principalmente ao desenvolvimento do físico. Esse culto do corpo, mais do que qualquer interesse em ter uma vida mais saudável, leva os cariocas a exibirem-se nas academias privadas e públicas.

  • Inspiração do autor.
A inspiração do artista se deu a partir das observações que fazia durante seus passeios de bicicleta no aterro do Flamengo.

  • Obra:
O primeiro andar é reservado ao espaço da academia. Os aparelhos de ginástica nele exibidos foram construídos com concreto, ferro, pneus e latas; objetivando assemelhar-se com os equipamentos dispostos de graça nas praias. Nesse espaço também havia um espelho, o que colocou todos os presentes em uma espécie de academia privada apesar de estarmos num espaço que inspirou-se no público. Essa foi apenas uma das formas de mostrar o contraste e a adoração ao corpo tão presente em nossa sociedade. Outra maneira foi a presença de dois quadros semelhantes aos existentes no segundo andar da obra. Esses mostraram a dualidade entre essa academia, composta de elementos rústicos, mas disposta em um ambiente notoriamente natural e belo.

O segundo andar foi constituído somente por fotos. Todas elas mostravam o pão de açúcar como pano de fundo. As obras, que em casos são agrupadas por tamanhos, Chaves resolveu dispô-las por elementos similares, como: linearidade, cores e conceituação. Apesar de em nenhuma delas ter aparecido pessoas, a presença delas ficava clara a partir dos elementos (cadeiras, chuveiro, lata de lixo, carro, barraquinha de coco, liquidificador, etc.) presentes nas imagens, que muitas vezes encontravam-se “em movimento”. O extraordinário é que o artista evidencia o prosaico do dia-a-dia. Esse uso de objetos que aparentemente seriam desprovidos de grande significância para representar a realidade artisticamente é uma das características e talentos de Marcos Chaves.

Há uma forte presença do indivíduo em todo conjunto da obra. Esse estava interagindo com o espaço planejado e natural, utilizando dele para exibir-se ou simplesmente tendo-o como parte da vida diária. O pão de açúcar, paixão declarada do artista, foi a paisagem por trás de tudo isso.
    




Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Escola de Comunicação.
Turma: EC2- 2014.2

Integrantes:   
Ana Carolina Nogueira.
Carolina Araújo.
Juliana Araújo.
Laisa Gomes.
Maria Júlia Albuquerque.







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