Ângelo Venosa: "Membrana"



O escultor paulista que vive hoje no Rio de Janeiro, Ângelo Venosa, apresenta sua exposição "Membrana" na Galeria Anita Schwartz, na Gávea. O local não poderia ser mais ideal para a exposição, já que com suas paredes de vidro, frente espelhada, ambiente tranquilo e incorporação de partes naturais, a galeria, assim como a exposição, parecem fugir do mundo concreto e absorver elementos do mundo das ideias, da magia do inconsciente.

Em "Membrana", Venosa mais uma vez esbanja originalidade, uma marca sua. Seu trabalho é uma junção de suas ideias e da tecnologia, dando asas à criatividade do artista, que compõe suas esculturas com massa de modelar e utiliza a tecnologia 3D para criar a representação tridimensional. "Minhas obras vão do mundo das ideias para o mundo digital para, só assim, irem para o mundo real", explica o artista. Em suas obras, há um  rastro claro do mundo das ideias - ao nos confrontarmos com as peças, percebemos algo quase etéreo e adimensional, elas "flutuam" - e do mundo digital.

Os dois mundos coexistem sem nenhum conflito, provocando uma reflexão sobre eles; o mundo digital, hoje, é o espaço para onde podemos mais facilmente transpor nossas ideias, já que ele proporciona uma liberdade criativa quase tão grande quanto o mundo das ideias, e possui uma concretude maior do que este. A membrana que separa o mundo das ideias do digital é semi-permeável, assim como a que divide este do mundo físico. E vemos isso nas obras dessa exposição. 



Além disso, elas ultrapassam as limitações dos espaços físicos, parecendo "saltar" das paredes e delimitam espaços que não são concretos - os espaços vazios das esculturas do artista, pertencem à escultura, ao mesmo tempo que pertencem à sala, vemos novamente a membrana semi-permeável se manifestar, só que, dessa vez, delimitando a dimensão espacial. Quanto às obras planas, o artista explica seu processo de criação. Após capturar a imagem, esta passa para uma impressora, que a imprime. O fato de o trabalho ser exposto de forma impressa, segundo Venosa, cria infinitas possibilidades de interpretação de significados para quem admira a obra.

Ângelo comenta ainda que no decorrer dos processos de criação acontecem erros que, se vistos por ele como benéficos, são incorporados à obra, tornando-a ainda mais interessante. Não existe um trabalho perfeito, muito menos a busca pelo mesmo. Um artista deve saber aceitar o acaso. Com todas essas lições, "Membrana" de Ângelo Venosa é mais do que uma exposição, é um convite à inspiração e à reflexão sobre os limites de nossas ideias e os limites do tempo e e espaço.

Membros do grupo: Gabriela Silva, Isabelle Cardin e Ticiane Faria - Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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